"O Ensino tem que ser de algum modo extraordinário" - Filmes que voam

“O Ensino tem que ser de algum modo extraordinário”

“O Ensino tem que ser de algum modo extraordinário”


Para Nélio Spréa, diretor do premiado Escola de Ensino Fenomenal, tornar o curta acessível significa ampliar a capacidade de diálogo sobre a obra e sua importância no universo lúdico educacional. Confira as percepções do diretor sobre o filme em entrevista exclusiva à Filmes que Voam.

Por que ‘Escola de Ensino Fenomenal’?
Primeiro porque o “Ensino” é um fenômeno social e, portanto, é construído historicamente e possui uma dimensão política. Segundo, porque acredito que a perspectiva libertária contida na teoria do brincar tem condições de se tornar um novo fenômeno crítico no campo da Educação de crianças e jovens no Brasil. Terceiro, porque a palavra fenomenal tem também o sentido de “esplendido”, “encantador”. Tem a ver com o que defendemos aqui na Parabolé, a ideia de que o Ensino tem que ser de algum modo extraordinário, “fenomenal”.

A recepção das crianças ao filme é positiva, qual a resposta esperada?
O filme é bem recebido pelas crianças porque foi construído tendo como base jogos que as próprias crianças elaboram e transmitem. A narrativa propõe uma inversão da lógica escolar, colocando o diretor da escola na dianteira de um movimento que tira as crianças de dentro da sala de aula e as coloca no pátio. As cenas amplificam aquilo que, no fundo, está presente nas escolas públicas, mas que pouca gente adulta para pra ver e entender: a prática de brincadeiras sofisticadas, repletas de conteúdo literários tradicionais e expressões da vida contemporânea.

Para você como diretor, qual é a importância do lúdico na Educação?
A ludicidade é um caminho para o desenvolvimento da personalidade. O jogo, a brincadeira e os brinquedos são canais de acesso por meio dos quais entramos em contato com valores, regras e testamos nossas capacidades e limitações. A ludicidade é adquirida na interação com os outros, ela é aprendida. Ninguém nasce lúdico, pois a informação lúdica está organizada por meio de códigos, símbolos e padrões cuja existência depende de um processo de transmissão. A experiência é a via da transmissão. A relação com os outros é o maior estímulo. Assim, os processos educacionais podem lançar mão do fenômeno da ludicidade como incremento de suas metodologias, pois nele se expressam eficientes e variadas formas de ensinar e aprender que podem inspirar transformações em nossa desgastada didática de ensino.

O que o motiva a trabalhar com filmes ao público infantil?
A liberdade de poder criar sem me deter a formatos consolidados, ou me remeter necessariamente a algum gênero. O desafio de criar um roteiro e dirigir uma cena como quem inventa uma nova brincadeira.

Qual a importância das versões acessíveis ao curta?
As versões acessíveis ampliam o alcance a um número muito maior de pessoas e são capazes de impulsionar diálogos mais diversificados sobre a obra. Possuem uma dimensão política, afirmativa, inclusiva, sem a qual os resultados do nosso trabalho seriam bem mais restritos. Não tornar este material acessível seria afirmar e ampliar a nossa limitação. Ao gerar a acessibilidade, somos nós também beneficiários da Inclusão, pois passamos a nos incluir num campo de fruições estéticas e percepções repleto de possibilidades e inovações que apenas a audiência dos deficientes visuais e auditivos pode nos oferecer.

 



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