26 set Quantos clicks a mais você quer no seu produto? Mercado de mídia e entretenimento acessível: é hora de se preparar
P: Numa lógica de mercado, o quê acontece quando existe a demanda pelos produtos e não existe oferta?
R: É preciso aumentar a oferta.
De maneira obviamente simplificada, é isto que acontece no mercado brasileiro de entretenimento e publicidade quando se trata das traduções e versões acessíveis dos seus produtos, sejam eles comerciais de 30 segundos, filmes de longa-metragem, novelas e séries de episódios.
No Brasil, pode-se dizer que existem cerca de 20 milhões de usuários sem propagandas e nem outros produtos audiovisuais para fruição cotidiana, e que estariam dispostos a engordar os dados de audiência e os clicks em marcas. Eles fazem parte do conjunto de pessoas surdas e ensurdecidas (consumidores e falantes da segunda língua oficial do Brasil, a Libras), cegas e com baixa visão (consumidores da audiodescrição, que existe há mais de 40 anos e que se expande com a tecnologia), além pessoas com outras deficiências.
E hoje eles não tem mais nenhum impedimento tecnológico para consumir produtos audiovisuais no cinema, na TV, nos computadores e celulares. À medida que forem conhecidos, esses dispositivos já operantes no Brasil em todas as mídias e janelas – das salas dos shoppings, Tvs aberta e fechada, streaming e celulares- , tenderão a melhorar, facilitando a vida de produtores de conteúdo e também dos distribuidores e exibidores.
Equipes terão informação e os processos se tornarão corriqueiros.
Mas todos precisam começar a estudar e a entender do assunto para não perder tempo, nem dinheiro e muito menos credibilidade. Ainda que entender e realizar a acessibilidade não envolva altos custos em relação aos benefícios, como em qualquer área essa prática exige planejamento e profissionais qualificados.
Pessoas cegas e surdas tem uma alta taxa de engajamento em grupos, não só na internet. Os números no Brasil – do Censo que vai fazer 10 anos – precisam ser estudados para o planejamento da audiência de cada empresa e projeto, e grande parte destas pessoas são pobres ou vivem em situação vulnerável – do mesmo modo que milhões de outras pessoas no Brasil.
Quer dizer: os desafios econômicos para “vender” ou acessar um consumidor cego ou surdo são os mesmos que existem para toda a sociedade brasileira, marcada por desigualdades.
Pessoas surdas e cegas são consumidores iguais a outros, com as suas expectativas (qualidade e preço) e que gostam de produtos variados: séries de animação, filmes brasileiros, blockbusters das major’s, videoclips… e eles também vestem as mesmas roupas, usam xampu, tomam cerveja e comem os mesmos produtos que todos os outros espectadores de TV aberta e de canais de youtube.
E são muitos, atentos e inteligentes. Por isso merecem atenção e qualidade.
Para você começar agora estudar o assunto lá vai um link com duas oportunidades grátis (um guia e um curso com 20 aulas sobre audiodescrição), que você pode usar imediatamente, e uma outra para a agenda de 2020 – um curso completo sobre toda a acessibilidade na cadeia produtiva do audiovisual brasileiro: https://www.filmesquevoam.com.br/cursos/
E que tal refletir sobre isso: em um universo de 20 milhões de potenciais consumidores, quantos clicks a mais posso ter no meu produto?