05 dez Personagens de Oração do Amor Selvagem: Lídia
Georgina Castro interpreta em Oração do Amor Selvagem Lídia, filha do místico Otaviano. A atriz, que já teve papéis de destaque em vários filmes brasileiros (O céu de Suely, Tatuagem, entre outros) comenta como foi dar vida a personagem, e como o tema intolerância religiosa, abordado no filme, é vivenciado no momento social que vivemos.
O que a motivou a aceitar o papel?
No primeiro momento, a oportunidade de desenvolver um trabalho no Sul, local no qual eu nunca havia trabalhado. Mas quando li o roteiro todo aquele universo me fascinou. Embora já me parecesse uma personagem muito instigante, para mim, era algo que ia além apenas do papel. Achei importante à obra como um todo.
Como você vê a relação da personagem com Thiago, Clara e Otaviano?
Com cada tem algo muito especial. Com Otaviano uma relação obscura de pai e filha, mas que para Lídia, o Otaviano é uma espécie de Deus, que ela segue e acredita sem contestar. Já Clara, desperta em Lídia um instinto maternal, de cuidado, proteção… Mas sempre de acordo com as leis seguidas pelo local. Thiago desperta em Lídia a vontade de constituir uma família. Mas com ele a relação é um tanto arisca, “selvagem”. Algo que apesar de ela desejar, não sabe bem como lidar.
Qual sua percepção sobre a comunidade de Otaviano?
Uma comunidade de pessoas humildes, que se agregam e se ajudam, do jeito deles. Com as próprias crenças. Se para quem vive do outro lado, o que eles fazem é amoral, para eles não é. Acreditam naquilo. Foram excluídos por uma sociedade colonizada e reinventaram suas vidas, suas regras, seu Deus.
Como você vê a personagem?
A gente brincava falando que Lídia era a sacerdotisa da comunidade e seria a sucessora do pai. É uma personagem que fala pouco e observa muito. Exerce um poder também na comunidade, lida com empregados e os peões com pulso firme. Seu tempo é diferente, existe nela uma calma, um mistério.
Qual a importância da discussão do tema intolerância dado o momento conturbado que vivemos?
Fundamental. É um tema que desde que o mundo é mundo, se discute. A relação do homem com Deus e a crença ou não desse homem nesse Deus. Mas em tempos de tanta intolerância no qual estamos vivendo… Certamente nosso filme chega às telas no momento mais que oportuno. Não pra julgar ou ser didático. Mas com uma obra de arte que embora retrate outro período da história, reflete a sociedade contemporânea.
Oração do Amor Selvagem de Chico Faganello estreia dia 10 de dezembro nos melhores cinemas do Brasil.